Minha maternagem e seus desafios

Nunca achei que a maternidade seria fácil, leve e regida por pura intuição. Desde que me descobri grávida, senti, comigo essa coisa de quando nasce uma criança, nasce também uma mãe, não rolaria. Claro que o amor, esse nos toma como um tufão. Você não sabe de onde vem, não o percebe chegando , mas quando te pega, é instantâneo.

Já essa coisa toda de lidar com o bebê, entender suas necessidades, é um pouco mais complicado. O instinto materno ajuda muito, mas não cobre 100% de nossas dúvidas. 

Quando os pitacos alheios entram em cena então, aí é que tudo se complica e você se sente mais perdida que cego em maré alta. E são em momentos assim, que aprendemos e passamos a nos entender e reconhecer como mães de nossos filhos. 

Nem tudo que funcionou para sua mãe, tia , prima , vizinha , amiga virtual, vai funcionar pra você. Os bebês, mesmo que pequeninos e aparentemente sem vontade, sabem reconhecer os momentos e os fatos que os deixam mais confortáveis e seguros. 

A amamentação é um exemplo de divergência de opiniões. Há quem amamente por horas, de um único seio, há quem reveze as mamas, e não ultrapasse os 20, 30 minutos de amamentação. Dá pra dizer que um ou outro método está errado? 

Claro que não. Cada mãe e cada bebê sabem o que é melhor pra si. Se na próxima mamada ela estiver com as duas vazias, vai perceber que cometeu um erro e vai se readaptar, se um dos seios empedrou porque ela decidiu não revezar,vai mudar de tática, e se tudo der certo , maravilha, ponto positivo e nada de mexer em time que está ganhando. E assim os dias passam e as mães vão se tornando experts em seus bebês. 

O problema é que poucas pessoas, reconhecem que são mestres nas vontades de seus próprios filhos, e não dos filhos da humanidade. 

A troca de experiência ajuda muito, mas quando não ultrapassa a ética da maternagem. Sim, como em tudo na vida, a maternagem teu uma ética estabelecida e deve ser respeitada. Ajudar , informar, dividir sim . Impor, humilhar e diminuir, jamais. 

Quem nunca ouviu ou viu algum comentário do tipo, " Nossa, marcou a cesárea?", "Complementa a amamentação com fórmula?". Há informação suficiente disponível por ai , para que todas saibamos o que é melhor, naturalmente falando, mas as limitações e necessidades de cada um , só quem sabe é quem vive o momento. 

Como já citei aqui no blog, Leticia decidiu que não quer mais comer. Para o meu desespero, vejo suas roupas ficando largas, e sinto-a mais leve. Já ouvi e tentei de tudo. Deixar sem comer, deixar comer o que quiser, brigar, ignorar, implorar e até fazer do prato, um parque de diversões. O que adiantou ? Praticamente nada! Ela tem um temperamento que é só dela, e nada do que funcionou com as amigas, funciona com a minha pequena teimosa. Com isso vamos crescendo , eu e ela. Vou aprendendo a me impor, e ao mesmo tempo respeitar o momento dela. É normal? Dá pra passar por isso com tranquilidade ? 

Óbvio que não . Estou pirando, enlouquecendo de preocupação, mas vale fazer desse momento delicado um momento ainda mais difícil com gritaria e ranger de dentes ? Aqui em casa isso não funciona, e de verdade, ainda não descobri o que pode funcionar, mas não deixo de oferecer , de insistir até um certo limite e o mais importante, buscar respostas e tentar entender o porque desse momento de pura greve de fome. 

Ela está querendo me testar ? Decidiu que batata frita e arroz são a oitava e nona maravilha do mundo ? Não sei. Talvez seja apenas mais uma fase de tantas que já passamos. 

Cada fase me levou para mais perto dela e ela de mim. Cada nova birra ou evolução, me mostra qual o caminho a ser seguido, e evidencia que ela não é igual a filha de nenhuma amiga, ou parente. Leticia é única em sua forma de ser , e vou renascendo e me recriando a cada dia de aprendizado ao lado dela.

E que o senhor do super apetite passe por aqui , e me tire dessa angústia que parece não ter fim.